
Que carro será esse da foto? Acho que um Marmon talvez?
Montou uma oficina na Bela Vista, hoje em dia Bexiga, oficina que foi comprada por um Senador que queria a oficina apenas para seus carros e que meu avô dirigisse os carros dele em viagens para o interior, pura aventura, nem estradas existiam, apenas caminhos de carroça.
Depois de algum tempo ele foi contratado pela Brascan (dona da Light, Cia. de Gás, Cia. Telefônica) para ser motorista de viagens, os canadenses andavam pelo Brasil à procura de jazidas minerais e o Senador indicou meu avô como a pessoa que poderia dar conta, ele tinha fama de consertador de tudo e de nunca ficar na estrada por maior dano que houvesse.
Meu pai contava que iam em dois Rolls Royces completamente abertos e iguais levando peças, barracas, provisões. Ao chegar em uma vila ou cidade, a primeira coisa que meu avô procurava era o ferreiro, pois sabia que lá tinha uma forja. Ele punha a "inglesada" no fole da forja e passava a noite batendo ferro fazendo molas, arrumando eixos, enfim, refazendo os carros. No dia seguinte continuavam a viagem, chegaram a ir até Goiás dessa maneira, andando em caminhos de carroça e de manadas de gado.
A "inglesada" achava o máximo, disputavam a tapa a aventura das aventuras, os brasileiros da Brascan não iam nem amarrados. Essa é a diferença.
No entanto, essas aventuras custaram caro, meu avô morreu em 1940 com 53 anos vítima de doenças adquiridas nessas viagens. Embora fosse um touro de forte não resistiu, mas levou a vida que sempre quis ter, era um aventureiro e principalmente um mecânico que tinha prazer naquilo que fazia, não havia carro que ele não consertasse.
Registre-se o fato de que a empresa foi solidária e não mediu esforços para o tratamento, uma coisa muito diferente do que as empresas nacionais faziam.